O Céu É o Meu Chão
Vinicius de Moraes
Minha alma é triste
Como o chão deste cerrado
Que se estende desolado
Por mil léguas de silêncio e solidão
E aonde a mulher que tem meu sono acorrentado
Nem parece dar cuidado
À grande mágoa que me vai no coração
Amor, meu tormento
Meu céu e meu chão
Aonde só se ouve o vento
Gemer de paixão
Amor, minha mágoa
Que nada desfaz
Este pranto sem água
Este canto sem paz
Ah, se ela enfim
Sentisse nela de repente
Que ela cala mas consente
Que ela sente que eu só quero os braços seus
E um dia assim como quem faz
Porque acontece num abraço
Ela me desse a esperança
De poder dizer-lhe adeus
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