No cartão de procedência,
Pouco importa onde nasci,
Busquei rumo e me perdi,
Querência, minha querência,
Desde então me chamo ausência,
Porque me apartei de ti.
Como cavaleiro andante,
Das léguas que caminhava,
Sempre que me aproximava,
Do sonho correndo adiante,
Mais me sentia distante,
Daquilo que procurava!
Quem vira mundo não para,
Nem tampouco desanima,
Há uma lei que vem de cima,
Na estrada do tapejara:
O tempo que nos separa,
É o que mais nos aproxima,
Quem vira mundo não para,
Nem tampouco desanima...
E nesse andejar em frente,
Sem procurar recompensa,
Fui vendo - na diferença,
Entre passado e presente,
Que a lembrança de um ausente,
Tem mais força que a presença!
Já no final da existência,
Saudade - tempo e distância,
Pra conservar a fragrância,
Da primitiva inocência,
Me tornei canto de ausência,
Querência da minha infância.