Olhos de Esperança
Fátima Leão
O agreste ergue os olhos de esperança
Para o céu
Pede forças à maior força do mundo
Que vem de Deus
Enquanto o pingo d'água cai na rua
É uma lágrima de guerra
Que vai enxugando o chão
É um choro que ecoa num espaço
Pela fome, o cansaço, da criança do sertão
O agreste vê a terra desgarrada
A cacimba ressecada vê o mato virar pó
Vê o filho e a mulher empoeirar
A panela ser ter nada e uma seca de danar
Se tem fome, a farinha é sua ceia
Só um colher tapeia se o estômago chorar
Mas não perde a fé em Deus, que te ajuda
E uma chuva mansa, muda
A imagem do sertão
Eu quero verde, eu quero água
Eu quero ter o que comer
Não sou ambicioso em nada
Eu quero apenas sobreviver
Não vim à toa nesse mundo
Quero cumprir minha missão
Deus, tire apenas um segundo
E dê uma chance ao meu sertão
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