Lira do Poncho
Wilson Paim
Não reparem as flores na varanda
Nem a farta colheita na lavoura
Reparem neste semblante amargurado
Arranchado onde a saudade se acorçoa
Tive tudo o que o suor podia dar
Lenha boa, casa grande, caminhão
Mas o destino me consumiu por circunstâncias
Cabresteando meus infinitos grão por grão
Vida de rancho, mangueira de pedra
É a lira do poncho abrindo cancelas
Campeando o sereno daquelas manhãs
Que esperei por ela
Não reparem o limo da cacimba
Nem as léguas de campo aguanxumadas
Reparem nestes confins enluarados
Alongados onde a razão cambiou de estrada
Faltou o mundo pra quem parte sem voltar
Falta cancha pra quem finda seu querer
Brunindo novas reformas aos horizontes
Enrustido em cada novo amanhecer
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