Paralelas
Zélia Duncan
Dentro do carro
Sobre o trevo
A cem por hora
Ó meu amor
Só tens agora
Os carinhos do motor
E no escritório
Em que eu trabalho
E fico rico
Quanto mais eu multiplico
Diminui o meu amor
Em cada luz de mercúrio
vejo a luz do teu olhar
Passas praças, viadutos
Nem te lembras de voltar
De voltar, de voltar
No Corcovado
Quem abre os braços sou eu
Copacabana, esta semana
O mar sou eu
Como é perversa
A juventude do meu coração
Que só entende o que é cruel
O que é paixão
E as paralelas dos pneus
N'água das ruas
São duas estradas nuas
Em que foges do que é teu
No apartamento
Oitavo andar
Abro a vidraça e grito
Grito quando o carro passa
Teu infinito sou eu
Sou eu, sou eu, sou eu
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