Não sei
Não sabe ninguém
Porque canto fado
Neste tom magoado
De dor e de pranto

E neste tormento
Todo sofrimento
Eu sinto que a alma
Cá dentro se acalma
Nos versos que canto

Foi Deus
Que deu luz aos olhos
Perfumou as rosas
Deu ouro ao sol
E prata ao luar

Foi Deus
Que me pôs no peito
O rosário de penas
Que vou desfiando
E choro a cantar

E pôs estrelas no céu
E fez o espaço sem fim
Deu luto às andorinhas
Ai! Deu-me esta voz a mim

Se canto
Não sei o que canto
Misto de ternura
Saudade, ventura
E talvez de amor

Mas sei que cantando
Sinto o mesmo quando
Se tem um desgosto
E o pranto no rosto
Nos deixa melhor

Foi Deus
Que deu voz ao vento
Luz ao firmamento
E pôs o azul
Nas ondas do mar

Foi Deus
Que me pôs no peito
O rosário de penas
Que vou desfiando
E choro a cantar

Fez poeta o rouxinol
Pôs no campo o alecrim
Deu flores à primavera
Ai! Deu-me esta voz a mim

Composição: Alberto Janes