Era de pêlo rosilho beirava um metro e setenta
Tinha força de tormenta ternura de brisa mansa
Tanto ensinava criança quanto testava um campeiro
Dependendo do parceiro era o embalo da dança

Segundo me disse um velho
Da legendária São Borja
Tinha sangue de cambota
Pingaço flor de ligeiro

Por isso se no entrevero
Um boi se refugasse porta
Voltava a bico de bota
Como se fosse um terneiro

Bem a cavalo se fez a história
Essa rosilho que eu falo
Me vale o dom da memória

Parece até pataquada
Que rosilha de coragem
Não refugava varagem
Nem que o arroio bufasse

Se a tropa se alvorotasse
Quando tivesse varando
Mal já saía ponteando
Pra que nenhum se extraviasse

São causos de um outro tempo
Já não ando enforquilhado
Talvez pagando os pecados
Hoje não vivo no campo

As vezes me pego sonhando
Que sou um herói farroupilha
Montado nessa rosilha
Que eu me criei ensilhando

Composição: Ângelo Franco