A cacimba e a vertente muito embora parecidas
Na sede que todos sentem na água em goles bebidas
Podem ser tão diferentes como remando e a corrente
Bem como a morte e a vida

Há homens que são cacimba
Não mais que almas cansadas
Alheia as visões refletidas
Em suas águas paradas

Em cima passando a vida
Embaixo rota contida
Silêncio, sombra e mais nada

No entanto nada encerra
O que nasceu pra vertente
Tal se a seiva da terra
Voltasse sangue na gente

Quem é terrunho em sumo
Jamais desvia seu rumo
Por ver atalhos a frente

Compondo seu pergaminho
Pela andarilha vivência
Segue cruzando sozilnho
Reafirmando a existência
Um manancial de caminhos
Daqueles que aos pouquinhos
Sorvem pureza e essência

Há tanto sonho guardado
Rio convertido em fosso
Homens de olhos calados
Embora ainda tão moços

Caudais em vão represados
Que sem um rumo traçado
Trazem silêncio de poço

Composição: João Bosco Ayala e Everson Maré / Martin César Gonçalves e Fabrício