Num rancho fundo de campo foi ali meu nascimento
Porta escancarada ao vento, de barrote sem tramela
Bem na frente uma cancela de cerca de varejão
Que formava o parapeito, do rancho até no galpão

Me criei golpeando potro e pealando égua gaviona
Cortei charque na carona , prá fazer meu carreteiro
E me enrrolei num bacheiro prá me desencarangá
Hoje só resta a saudade dos velhos tempos de piá

De bombacha arremangada sem camisa pé no chão
Pousava lá no galpão ouvindo o cantar do galo
Prá recorrer os cavalos, e esquentar a chaleira
Enquanto a barra do dia clareava serra e fronteira

Já comi bago de touro com cinza sem botar sal
Nunca cai de bagual queixo roxo e cruniudo
E o touro por mais guampudo, não me faz ir pras pitanga
E as veis refresco meu lombo tomando um banho de sanga

Aonde eu moro vivente, fica ali no pé do morro
O pingo a china o cachorro, são três tesouros sagrados
Se me sinto abichornado, pego a canha e me emborracho
Rebento a alça no peito golpeando minha oito baixo

Composição: Francisco Vargas