Histoire de faussaires

Se découpant sur champ d'azur
La ferme était fausse bien sûr
Et le chaume servant de toit
Synthétique comme il se doit

Au bout d'une allée de faux buis
On apercevait un faux puits
Du fond duquel la vérité
N'avait jamais dû remonter

Et la maîtresse de céans
Dans un habit, ma foi, seyant
De fermière de comédie
À ma rencontre descendit

Et mon petit bouquet, soudain
Parut terne dans ce jardin
Près des massifs de fausses fleurs
Offrant les plus vives couleurs

Ayant foulé le faux gazon
Je la suivis dans la maison
Où brillait sans se consumer
Un genre de feu sans fumée

Face au faux buffet Henri II
Alignés sur les rayons de
La bibliothèque en faux bois
Faux bouquins achetés au poids

Faux Aubusson, fausses armures
Faux tableaux de maîtres au mur
Fausses perles et faux bijoux
Faux grains de beauté sur les joues
Faux ongles au bout des menottes
Piano jouant des fausses notes
Avec des touches ne devant pas
Leur ivoire aux éléphants

Aux lueurs des fausses chandelles
Enlevant ses fausses dentelles
Elle a dit, mais ce n'était pas sûr
Tu es mon premier faux pas

Fausse vierge, fausse pudeur
Fausse fièvre, simulateurs
Ces anges artificiels
Venus d'un faux septième ciel

La seule chose un peu sincère
Dans cette histoire de faussaire
Et contre laquelle il ne faut
Peut-être pas s'inscrire en faux
C'est mon penchant pour elle
Et mon gros point du côté du poumon
Quand amoureuse elle tomba
D'un vrai marquis de Carabas

En l'occurrence Cupidon
Se conduisit en faux-jeton
En véritable faux témoin
Et Vénus aussi, néanmoins
Ce serait sans doute mentir
Par omission de ne pas dire
Que je leur dois quand même
Une heure authentique de vrai bonheur

História de Falsários

Recortando-se sobre campo azul
A fazenda era falsa, é claro
E a palha, que servia de telhado
Devidamente sintética

No fundo de uma alameda de falsos buxos
Vislumbrava-se um falso poço
Do fundo do qual a verdade
Nunca deve ter saído

E a propietária do lugar
Num traje, palavra de honra, bem atraente
De fazendeira de comédia
Desceu ao meu encontro

E o meu buquezinho, de repente
Pareceu sem-graça naquele jardim
Perto dos maciços de falsas flores
Que tinham as mais vivas cores

Tendo pisado na falsa grama
Segui-a pela casa
Onde brilhava, sem se consumir
Uma espécie de fogo sem fumaça

Na frente de um falso bufê Henrique II
Alinhados sobre as estantes
Da bibioteca de madeira falsa
Falsos livros, comprados por peso

Falsa tapeçaria Aubusson, falsas armaduras
Falsos quadros de mestres na parede
Pérolas falsas e falsas joias
Falsas pintinhas sobre as faces
Unhas falsas na ponta das mãozinhas
Piano tocando falsas notas
Com teclas que não deviam
Seu marfim aos elefantes

À luz de falsos candelabros
Tirando suas falsas rendas
Ela disse, mas não era certeza
Tu és meu primeiro passo em falso

Falsa virgem, falso pudor
Falsa fevre, simuladores
Aqueles anjos artificiais
Vindos de um falso sétimo céu

A única coisa um pouco sincera
Nessa história de falsário
E contra a qual não é preciso
Talvez, fazer registro falso
É a minha queda por ela
E meu grande ponto do lado do pulmão
Quando ela ficou apaixonada
Por um verdadeiro marquês de Carabás

Neste caso, Cupido
Comportou-se com falsidade
Como verdadeiro falso testemunho
E Vênus também; no entanto
Seria, provavelmente, mentir
Por omissão não dizer
Que, mesmo assim, lhes devo
Uma hora autêntica de verdadeira felicidade

Composição: Georges Brassens