Vigário: Ó proprietário venho lhe pedir
Pelo casal cuja mulher vai lhe servir
Faça uma concessão pro povo lhe aplaudir

Proprietário: Olha seu Vigário
Se ela quer ser a primeira eu posso ouvir
Nessa noite vão ser cinco
Vou lutar com mais afinco
Uma exceção eu posso até abrir

Vigário: Pelo contrário, eu peço por favor
Eles se amam e é por força desse amor
Lhe suplicam que dispense o ritual, senhor

Proprietário: Olha seu vigário
Rebeldia eu não posso admitir
Precedente é perigoso
Logo, logo todo o povo
Vai, assim, também querer pedir

Vigário: Mas proprietário, essa é uma lei vulgar
Talvez até isso pudesse se mudar
E assim o povo iria lhe homenagear

Proprietário: Ora seu vigário, abdicarias tu das tuas leis
Do direito de casar-nos
Batizar-nos, confessar-nos
Me responda, agora é sua a vez

Vigário: Isso é sagrado, não e tributo não
Não é dever imposto nem obrigação
Mas Deus oferece em troca a nossa salvação

Proprietário: Se Deus oferece o céu, aqui na terra eu ofereço o pão
Sou esposo, pai e amante
Todos tem a todo instante
Aqui na terra a minha proteção

Vigário: Pois bem, só mais uma observação
Excesso de poder derruba o cidadão
Arbitrário é o poder que do povo não sai
Sai não...

Proprietário: E deixou no ar uma ameaça. Audácia desse vigário! (falado)

Composição: Carlos Lyra / Paulo César Pinheiro