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Chão de Barro, Céu de Glória

Cristo Move Trap

No chão de barro, onde o sonho morre cedo
Lama na sola, mente em conflito e medo
Mas ouvi a voz do Alto, mesmo em silêncio
Levanta, filho, Eu te dou um novo tempo

Criei raiz no gueto, semeado em dor
Amor era lenda, só via rancor
Minha mãe chorava, o prato era pouco
Pai ausente, presença era sufoco

Correria na viela, alma fria
Igreja do lado, mas meu altar era a biqueira vazia
Vícios me guiavam, sombra era abrigo
Me afoguei no poço, Salmo 40 comigo

Me tirou da lama, me firmou na rocha
Hoje minha fé não se negocia, não se empocha
João três na mente, nascer de novo
Saí do velho eu, ressuscitei o povo

Luz cortou a treva, visão mudou
Olhei pro céu, e o barro ficou
Chamei por Ele na madrugada fria
E Ele disse: Volta, filho, tua alma é minha

Chão de barro, Céu de Glória
Minha miséria virou vitória
Do pecado à luz da história
De joelhos, conquistei memória

Do poço à presença
Da dor à esperança
Não sou mais quem eu era
Cristo mudou minha sentença

Lágrimas regaram meu deserto escuro
Hoje sou ponte pra quebrada, muro pro impuro
Me chamavam de perdido, hoje sou sal e luz
Lucas quinze, pródigo voltou e seguiu Jesus

Alma rachada, coração em pedaço
Mas o Rei me viu e não passou de lado
Vestiu-me de graça, pôs sandália e anel
Transformou meu quarto sujo em portal do Céu

Meu louvor não rima com luxo
Mas cada linha carrega o peso do meu custo
Falar de Cristo é viver na contramão
Porque a cruz pesa mais que ostentação

Lutei comigo mesmo no espelho quebrado
Vi um monstro criado por trauma e pecado
Mas a voz do Espírito invadiu meu quarto
E me chamou pelo nome, quebrando o fardo

Hoje canto com dor, mas com propósito
Cada barra é um grito contra o ódio tóxico
Eles querem fama, eu quero redenção
Ver meu povo salvo, livre da prisão

Na quebrada onde só tem muralha
A palavra virou ponte, virou navalha
Separando o velho do novo eu
Me afundei no barro, mas subi pro Céu

Chão de barro, Céu de Glória
Minha miséria virou vitória
Do pecado à luz da história
De joelhos, conquistei memória

Do poço à presença
Da dor à esperança
Não sou mais quem eu era
Cristo mudou minha sentença

Carrego cicatriz, não mais ferida
Aprendi que cair faz parte da subida
Hoje meu silêncio prega mais que grito
E o Espírito me guia, mesmo em conflito

O mundo oferece ouro e prisão
Mas prefiro a cruz, minha libertação
Na quebrada a luz ainda brilha
Porque quem nasceu de novo não volta pra trilha

O gueto não é o fim, é o começo
Quem entende a dor carrega o preço
Mas também carrega a unção
E transforma o gueto em chão de oração

Chão de barro, Céu de Glória
Minha miséria virou vitória
Do pecado à luz da história
De joelhos, conquistei memória

Do poço à presença
Da dor à esperança
Não sou mais quem eu era
Cristo mudou minha sentença

De onde vim, poucos voltam vivos
Mas eu voltei, com os olhos cativos
Na presença que resgata e cura
No amor que não julga, só segura

Composição: