395px

Cara a Cara

Edmundo Rivero

Mano a Mano

Rechiflado en mi tristeza, te evoco y veo que has sido
En mi pobre vida paria sólo una buena mujer.
Tu presencia de bacana puso calor en mi nido,
Fuiste buena, consecuente, y yo sé que me has querido
Como no quisiste a nadie, como no podrás querer.

Se dio el juego de remanye cuando vos, pobre percanta,
Gambeteabas la pobreza en la casa de pensión.
Hoy sos toda una bacana, la vida te ríe y canta,
Ios morlacos del otario los jugás a la marchanta
Como juega el gato maula con el mísero ratón.

Hoy tenés el mate lleno de infelices ilusiones,
Te engrupieron los otarios, las amigas y el gavión;
La milonga, entre magnates, con sus locas tentaciones,
Donde triunfan y claudican milongueras pretensiones,
Se te ha entrado muy adentro en tu pobre corazón.

Nada debo agradecerte, mano a mano hemos quedado;
No me importa lo que has hecho, lo que hacés ni lo que harás...
Los favores recibidos creo habértelos pagado
Y, si alguna deuda chica sin querer se me ha olvidado,
En la cuenta del otario que tenés se la cargás.

Mientras tanto, que tus triunfos, pobres triunfos pasajeros,
Sean una larga fila de riquezas y placer;
Que el bacán que te acamala tenga pesos duraderos,
Que te abrás de las paradas con cafishos milongueros
Y que digan los muchachos: Es una buena mujer.
Y mañana, cuando seas descolado mueble viejo
Y no tengas esperanzas en tu pobre corazón,
Si precisás una ayuda, si te hace falta un consejo,
Acordate de este amigo que ha de jugarse el pellejo
Pa'ayudarte en lo que pueda cuando llegue la ocasión.

Cara a Cara

Recheado na minha tristeza, te evoco e vejo que você foi
Na minha pobre vida, só uma boa mulher.
Sua presença de bacana trouxe calor pro meu ninho,
Você foi boa, coerente, e eu sei que você me amou
Como não amou ninguém, como não vai poder amar.

Rolou o jogo de remanye quando você, pobre garota,
Dançava em meio à pobreza na casa de pensão.
Hoje você é toda uma bacana, a vida sorri e canta,
Os grana do otário você joga na sorte
Como o gato malandro brinca com o mísero rato.

Hoje você tem o mate cheio de infelizes ilusões,
Te enganaram os otários, as amigas e o gavión;
A milonga, entre magnatas, com suas loucas tentações,
Onde triunfam e fracassam milongueiras pretensões,
Entrou bem fundo no seu pobre coração.

Nada devo te agradecer, cara a cara ficamos;
Não me importa o que você fez, o que faz nem o que fará...
Os favores recebidos acho que já te paguei
E, se alguma dívida pequena sem querer eu esqueci,
Na conta do otário que você tem, você coloca.

Enquanto isso, que seus triunfos, pobres triunfos passageiros,
Sejam uma longa fila de riquezas e prazer;
Que o bacana que te acamala tenha grana duradoura,
Que você se afaste das paradas com cafishos milongueiros
E que os caras digam: É uma boa mulher.
E amanhã, quando você for um móvel velho descolado
E não tiver esperanças no seu pobre coração,
Se precisar de uma ajuda, se precisar de um conselho,
Lembre-se deste amigo que vai se arriscar
Pra te ajudar no que puder quando chegar a ocasião.

Composição: