Sou filho do chão rachado
Pelo padin abençoado
Um sonhador carregado na fé
Sigo no pau de arara
Rumo ao país das águas
Na esperança me mantenho em pé
A caatinga abre espaço para o verde encantado
A ilusão me dominou
Na mata fui escravizado, pela elite explorado
O progresso nosso sangue sugou

No palco do teatro requinte francês
Vaga nos trens o luxo bastardo
O lucro era privado, partilhado com o inglês

Eu vi a extração desmoronar
Eu vi barões desmantelar
O Sonho da fartura
Virou pesadelo de penúria
E como inútil produto fiquei ao léu
Com saudade de ser tão feliz sob azul do céu
Com a diferença aprendi
Com a diferença ensinei
Na Ribeira teve São João
O boi na quadrilha dançou
Viva a congregação!

O verde se torna esperança
O sofrimento hoje é perseverança
Da borracha viver, sem desmatar
Humaniza a floresta pra extinção não chegar

Utopia, meu destino
Praça Onze é o caminho
A floresta num sonho especial
É o Império em festa no virtual
Fazendo o nosso carnaval real

Composição: Antonio Conceição / Guilherme Sá / Thales Nunes