Depois que eu acordei pra vida
Eu nunca mais dormi
Pensei até em fazer as malas
Chapada, Corumbá, Piri
Perigo era eu sair na rua

E de cara contigo
Goiás é pequeno demais pra nós
Mudei o modo de viver
Só pra ver se essa dor passava
É que ela não caia bem

Com a cor das paredes da sala
Falaram que eu mudei
Que tô mais pra dentro
Que nunca mais me viram
Andando pelo centro

E agora esse semblante é comum
A rua mais sem graça da cidade
É a vinte e um
Minha mãe falou que eu falo de saudade demais
E assim não vou ter paz

Que eu vivo no passado
E, filho, sabe, esse é o seu erro mais grave
Eu hei de exaltar o que há por vir também
Na semana que vem
É que hoje eu vou sofrer ao som do Tom

Bastava tu do lado pra tá tudo bom
Pior que nó que dá em garganta
Ou gargalhar de uma desgraça
É ter que receber essa saudade que vem parcelada
Pior que segurar o riso é o risco que eu tomo

Mais chato que o siso que me tira o sono
Nem o Santo Domingo me dá um abono
O amor que eu preciso não sabe o que é ter dono
Minha mãe falou que eu falo de saudade demais
E assim não vou ter paz

Que eu vivo no passado
E, filho, sabe, esse é o seu erro mais grave
Eu hei de exaltar o que há por vir também
Na semana que vem
É que hoje eu vou sofrer ao som do Tom

Bastava tu do lado pra tá tudo bom
Ansiedade e o ócio doem até o osso
O tempo esmaga, eu juro, tô ficando louco
Eu tô perdendo tempo, e todo tempo é pouco
E assim não vou viver em paz

Composição: Ítalo RIbeiro