Os favelados dos descasos dos palácios
Ergueram cantos de famintas esperanças
E um batalhão marchará de pés descalços
Pedindo a queda do cabresto da ganância.

Pois a bandeira da miséria desfraldada
Tremulará colorida de remendos
Clamando terra pra insônia das enxadas
Mostrando aos fortes que o amor venceu o medo.

Então as gaitas e os violões pelas esquinas
Ecoarão fazendo ouvir-se a voz do povo
Mostrando ao mundo que na América Latina
Se descortina pouco a pouco um tempo novo.

As aldeias exiladas sobre as pontes
Se unirão aos habitantes das marquises
Incorporando os aflitos e os errantes
Num batalhão esfarrapado de infelizes.

Mas a vaidade dos anéis, estrela e lua
E a indiferença do poder em loucas mãos
Serão vencidos pela fome nua e crua
Para que enfim a liberdade seja pão.

Composição: