Caía a tarde feito um viaduto
E um bêbado trajando luto
Me lembrou Carlitos

A Lua
Tal qual a dona de um bordel
Pedia a cada estrela fria
Um brilho de aluguel

E nuvens
Lá no mata-borrão do céu
Chupavam manchas torturadas
Que sufoco!

Louco
O bêbado com chapéu-coco
Fazia irreverências mil
Pra noite do Brasil

Meu Brasil que sonha
Com a volta do irmão do Henfil
Com tanta gente que partiu
Num rabo de foguete

Chora
A nossa Pátria, mãe gentil
Choram Marias e Clarisses
No solo do Brasil

Mas sei, ah, eu sei
Que uma dor assim, pungente
Não há de ser inutilmente

A esperança
Dança
Na corda bamba de sombrinha
E em cada passo dessa linha
Pode se machucar

Azar
A esperança equilibrista
Sabe que o show de todo artista
Tem que continuar

O teu choro já não toca meu bandolim
Diz que minha voz sufoca seu violão
Afrouxaram-se as cordas e, assim, desafina
Que pobre das rimas da nossa canção
Hoje somos folha morta, metais em surdina
Fechando a cortina, vazio o salão

Se os duetos não se encontram mais
E os solos perderam a emoção
Se acabou o gás
Pra cantar o mais simples refrão
Se a gente nota
Que uma só nota
Já nos esgota
O show perde a razão

Mas iremos achar o tom
Um acorde com lindo som
E fazer com que fique bom
Outra vez o nosso cantar
E a gente vai ser feliz
Olha nós outra vez no ar
O show tem que continuar

Nós iremos até Paris
Arrasar no Olímpia
O show tem que continuar

Olha o povo pedindo bis
Os ingressos vão se esgotar
O show tem que continuar

Todo mundo que hoje diz
Acabou, vai se admirar
Nosso amor vai continuar

O show tem que continuar

Composição: Arlindo Cruz / Sombrinha / Luiz Carlos Da Vila / Aldir Blanc / João Bosco