Há! Abaixa que é tiro
Me chamo Dellacroix
Eu tô pulando aqui
Vim só pra revolucionar e incomodar
Porque na cena atual que eu quero eu vou entrar
É aqui que eu quero criar
Então abaixa que é tiro
Vamo, bora revolucionar
As bicha preta pobre veio pra te desbancar
E acabar com a regra donde podemos estar
E acreditar
Agora só resta me respeitar
Então prazer
Cecília da silva Dellacroix
Meu santo aqui é forte, custa pra me desbancar
Eu vou permanecer, fortalecer, reinar
A minha região e mandar esse proceder
Quem se empodera, busca poder pra existir
E não tolera macho branco, escroto desmentir
Que não somos pessoas e não merecemos direitos
Eu sou travesti preta e exijo meu respeito
Acha que é fácil ir e vir sendo travesti?
Aqui eu só tolero quem não vem me regredir
Só senta e observa o quanto tu tá sendo escroto
Acha que sou pro teu bico se eu sou o teu desgosto? Haha
Se eu sou o teu desgosto?
Coitado
Tô pronta pra ficar, abalado as estruturas, pronta pra lacrar
Reinar no seu espaço, eu vim pra te intimidar
Construindo nosso império
Tamo aqui pra questionar a masculinidade que todas vamos curar
O meu não lugar de fala é de travesti silenciada
Somos as bruxas queimadas
Pagando o preço sem negar o desespero
Que percebo que o game é complicado e sem noção
Caô que mata, disfarça, sem graça
Cabe a mim a lei, satisfação
Ódio ao medo que enfrento
Temendo, sem desespero
Sem preço, nunca me esqueço
Me nego não falar do mundo que mereço
Me nego não falar do mundo que mereço
Sei que mereço, sei que importa
Meu corpo transgressor exposto em meio a tanta bosta
Mas que bosta, eu vou reinar
Meu eterno luto é sempre protestar
Pra cada uma de nos queimada 300 levantará
Se fosse close e aparência, não sobrevivência
Meu lema não seria incomodar
Eu só quero amar
Deixe meu corpo livre até sangrar
Minha massa viva, cobaia pra sempre protestar
Há, sou Dellacroix
Travesti preta no rap rimando
Só pra incomodar
Só pra incomodar
Só pra incomodar
Só pra incomodar