Cai a noite
E a neblina do gás lacrimogêneo
Irritou e avermelhou todos os olhos
Gritos da multidão insatisfeita
Mas um grito que não sai do smartphone

Pesadelo moderno do passado
Filme preto e branco em cenas do futuro
E um futuro incerto pra nós

Bom mesmo é mergulhar
Bem fundo e apreciar a vida no fundo do mar
Longe
Fugir das marginais
Pras zonas abissais
E esquecer por um tempo de tudo isso aqui

Temos medo
E motivos não faltam: Temos todos
Sob a sombra distorcida eu vejo um nome
Eis um golpe fatal mas imperfeito
Num teatro de vampiros e demônios

Numa guerra de escusos interesses
O que todos querem mesmo é algo novo
Mas o quanto é cedo pra nós?

Eu quero acreditar que tudo vai mudar
Que as coisas vão melhorar
Banho de sangue no jornal
A morte é tão banal
Mais um copo quem sabe isso é só o fim

Composição: Murilo Sá