Eu uso a poesia como um instrumento de tortura
Não tenho rosas cultivadas em minha casa
O que entrego na literatura desmedida
Não fende em mim nenhum tipo de atalho

Meus intentos são de proporções desiguais
Quando não desejo só pra mim
Escolho um nome de uma mulher qualquer
Alguma mulher que tenha esse nome
Quando lêem o poema ambíguo
Renegam as afeições do perigo, da dor
Sabem que eu sofro, mas não distinguem
Entre os mesmos nomes do encanto
Outro que os substitua
E renegam, indefesas diante de outro um alheio
Como um molho de rosas na mão
Gentilmente expondo suas inverdades
Eu utilizo da poesia o impacto que me declina pra trás
Antes de ver, já chorava folheando as páginas
E quanto mais tenho sabido de mim na piedade dessas pessoas
Mais e mais, arrisco outras poesias
Achado, outro nome e a atribuo
Eu me acerto com a poesia, passo por um tipo parto
Num leito do chão, do choro dela
E ao entregá-la o menino órfão, que o engano fez
Que a impiedosa forma do falso profeta, eu a pessoa da poesia
Puseram no mundo mais um, mais um
Anjo sem asas que imobilizaram o sonho

Composição: Naeno Rocha