O sol que arde na terra
Na eterna ocasião
Parece mais um fim de guerra
Espalhado no sertão
Profundeza deste inferno
Onde a água é muito rara
Onde a vida é um tormento
E a felicidade é cara
Onde o gado morre magro
Pois quase feio é só o pasto
De uma caatinga danada
Eh, danada, danada!
O chão carente de chuva
Feito lábios machucados
Feito a criança do pão
Feito o peixe do regato
Livros de pele e ossos
Se transportam em pau-de-arara
Fogem das terras cancerosas
Que se alastram, mas que saram
È um Saara eh, é um Saara.
E as injeções de alimentos
Doadas em tantos minguados
Nunca chegam aos doentes
Tomam os que já são curados
Não os kamikazes das lavouras
Reis das terras ressecadas
Das legiões dos suicidas
Das terras abandonadas
Babalaô, cadê Ogum?
Babalaô, no sertão não tem nenhum Deus?
Kosi Obá Kan Afi Olorum
Oh,Kosi Obá
Ojú Mi Rim Can Laie
Ojú Mi Rim Can Laie
Mimo Ni Olodumare
Pupo Nino Awon Oshelu
Nico Ni Rorun Wo
Adope Baba Mi Ago Oxalá!

Composição: Nivaldo D'avilla