Um dia acordo sulu continente
E o corpo presente e o frio da coxilha
A cuia descansa com erva lavada
Foi-se a madrugada é a hora da encilha

Meu ruano relincha no peso do basto
Batendo os cascos no lombo da estrada
A vida começa pra quem vive dela
E depois da cancela o poncho é minha morada

As nuvens enfeitam o azul do céu
Sombreando o chapéu de abas pra cima
E águas no açude espelham grandeza
Nos dando a beleza de uma obra prima

Assim eu sustento minha estampa serrana
A vida aragana e as coisas que trago
Me basta um rancho uma China e um cavalo
O resto é regalo, churrasco e mate amargo

Relinchos de potro pelo descampado
No chão esverdeado de trevo e capim
Sinuelando a tropa nos campos da serra
Algum touro berra em tons de clarim

Este é o Rio Grande que trago comigo
No sistema antigo que herdei dos avós
A vida moderna pouco me apronta
E de pé me encontra nestes cafundós

As nuvens enfeitam o azul do céu
Sombreando o chapéu de abas pra cima
E águas no açude espelham grandeza
Nos dando a beleza de uma obra prima

Assim eu sustento minha estampa serrana
A vida aragana e as coisas que trago
Me basta um rancho uma China e um cavalo
O resto e regalo churrasco e mate amargo

Na costa do mato de sombra comprida
Uma cruz esquecida aos olhos dos seus
Murmúrios de sanga e da vida selvagem
Sonorizo a imagem pintada por Deus

Um bando de gralhas enterra pinhões
Como guardiões destes pinheirais
Replantam esperança pra sua espécie
E também fortalecem a vida dos demais

As nuvens enfeitam o azul do céu
Sombreando o chapéu de abas pra cima
E águas no açude espelham grandeza
Nos dando a beleza de uma obra prima

Assim eu sustento minha estampa serrana
A vida aragana e as coisas que trago
Me basta um rancho uma China e um cavalo
O resto e regalo churrasco e mate amargo

Composição: