1 de Abril de 1964

[Otávio O3]
Madrugada dentro
Sentimento abstrato
Beat tocado
Bumbos e pratos
Âmago intocável
Liberdade em forma de trago
Intocado e a vibe acaba
E volta a 94
Me sinto na pele de Roberto Baggio
Minhas pífias como as do jovem Maka
Regressão
Me sinto de volta ao passado
Tudo o que escrevo já foi pensado
Vivências intensas
Brisas intensas
A energia do mundo me preocupa
E isso me assombra
Pois eu sou resistência

Tijolos vermelhos que formam mosaicos
Que que escorre e mistura com o barro
Jovens descalços nas ruas do bairro
Sem voz, mas portam os berros
Enquadram os carros na mira da blazer
Apagando os postes com a mira lazer
Seriam melhor nas rodas de break
Mas preferem fugas tipo Speed Racer

Perspectiva de vida não existe
Nem os planos como a Odd Future
E se o interesse fosse por beat
Ganharia a vida vendendo feat
Não fugiriam do giroflex
Talvez lançariam até um triplex
E o crime teria menos um vapor
E a cena mais um Felipe Ret

Se a arte é livre
E a repressão que eu passei ali?
Fala fi foi tanto enquadro
Me chame O3 Dali
Escrevi
Tanta punch
Sou AK Muhammad
Causando tanta náusea nos playboy
Mais que porre de Bacardi
Insisti
Disseram que meu lugar não era aqui
Se fuderam
Batalhei
Cresci
Vivi
E quantas vezes me fizeram chorar?
Me levantei
Sequei as lágrimas
Segui firmão
De cabeça erguida eis-me aqui

Eles
Gastam saliva
Falando mal da sativa
E a pergunta que implica
E o pó da FAB? Quem fabrica?
No condomínio rola coca
Na favela é pé na porta
Mais uma Maria de luto
Pelas guerras contra as drogas
Se chora ao ver seu filho morto
Se indignam ao ver o corpo
A tristeza que consome
Trás junto a depressão
Seu filho morreu em vão
E as drogas chegam pelos ares
Mataram mais um inocente
Que nem tinha um avião