Vou-me embora pra Pasárgada
Lá sou amigo do rei
Lá tenho a mulher que eu quero
Na cama que escolherei
Vou-me embora pra Pasárgada

Vou-me embora pra Pasárgada
Aqui eu não sou feliz
Lá a existência é uma aventura
De tal modo inconsequente
Que Joana a Louca de Espanha
Rainha e falsa demente
Vem a ser contraparente
Da nora que eu nunca tive

E como farei ginástica
Andarei de bicicleta
Montarei em burro bravo
Subirei em pau-de-sebo
Tomarei banhos de mar!
E quando estiver cansado
Deito na beira do rio
Mando chamar a mãe-d'água
Pra me contar as histórias
Que no tempo de eu menino
Rosa vinha me contar
Vou-me embora pra Pasárgada

Em Pasárgada tem tudo
É outra civilização
Tem um processo seguro
De impedir concepção
Tem telefone automático
Alcalóide à vontade
Tem prostitutas bonitas
Pra gente namorar ah! Ah!
Tem prostitutas bonitas
Pra gente namorar ah! Ah!

E quando estiver mais triste
Mais triste de não ter jeito
Quando de noite me der vontade
De me matar

Lá sou amigo do rei
Terei a mulher que eu quero
Na cama que escolherei
Lá sou amigo do rei
Vou me embora pra Pasárgada
Lá sou amigo do rei
Vou me embora pra Pasárgada

Composição: Manuel Bandeira / Paulo Diniz