Lembro de ser nóiz no famoso barracão, via
Toda sua luta pelo pão do dia
E eu lá, sem a mínima noção
Gastando meu tempo em frente da televisão
Vendo a vida passar, me dizendo "olá neguim"
Tô de passagem, mas ninguém passará por mim
Vou falar o que eu vi ao vivo e a cores
Me ensinou mais do que professores poderiam ensinar
Talvez sina, com roteiro lá de cima
Minha carta de alforria pra você assinar
Se a senhora me ensinou pra voar, mãe
Não poderia subir sem te levar, mãe
Porque orgulho é o que eu quero te dar
E mais alguma besteira que eu possa comprar
É clichê, mas eu fiz por você essa canção
Se bem que todas as outras também são

(REFRÃO)
São voltas que os mundos dão
São voltas que...
Quando eu me joguei, onde andei, tropecei, aprendi
Que são coisas dessa vida

E com 17 eu sai de casa
Filho quando cresce diz que ganha asa
Pai e dona Nete, Maria Carolina
Bota ele na linha, cobra disciplina
E com 19 eu fui morar sozinho
Agora a responsa é sua garotinho
Foi tanto "perrei", eu só pedia ao Rei
Que me guardasse onde fui e onde irei pelo caminho
Orei como um monge, pequei como um mortal que sou
Doente até fugi do hospital pro show
Pedi uma carona no busão, "azz veizz"
Minha tia arrumava o da condução, "azz veizz"
Sofrido por que minha condição era 0,0 de remuneração por mês
Irmão, eu pude ter certeza que os meus problemas tavam numa multiplicação por três
Ou mais
Comprei jornais
E os classificados dizem: "hey, jamais!"
'Té mais! Então, peguei minha bicicleta e parti
Fui de Arthur Alvim ao Mandaqui
Dormi no frio de uma calçada de SP
Mas quem não tem nada, vai ter medo de quê?
Aí que eu acordei pra perceber
Que quem nunca apanhou dessa vida, também "num" sabe se defender, ó

(REFRÃO)
São voltas que os mundos dão
São voltas que...
Quando eu me joguei, onde andei, tropecei, aprendi
Que são coisas dessa vida

São coisas são, são coisas são, são coisas dessa vida (4x)

Composição: