Varsovie
Quand je suis arrivé la gare était déserte.
Varsovie au matin c'est un peu triste à voir, c'est vrai;
Capitaliste oblige je tire un peu de cash pour Kasia,
Un gamin au café lui vient de planter son nez dans un bol de soupe froide;
Sac à dos accosté sur un quai solitaire
J'envoie par téléphone quelques photos loufoques, un peu de mon histoire
Au amis parisiens qui me disent: "Allez reviens c'est pas pour toi là-bas"
Tout seul dans le wagon mon regard qui se jette par la fenêtre,
Je regarde Warsawa loin de moi qui s'en va.
Nous fendons l'horizon direction Zakopagne...
La neige tient le siège de la vieille Pologne,
J'imagine soudain oui qu'un jour d'autres trains ont du passer par là
Vieille dame sans dents tire vieille charrette
Telle vague céleste vole un oiseau sans tête.
Le jour se lève
Sur la campagne
Un vieux cheval fou
Me tient tête de loin,
Parfois je rêve que je suis Jivago,
Et qu'elle m'attend là-bas
Sous le vol du corbeau.
Toujours dans le couloir une autre silhouette
vient joindre sa fumée,
Sa fumée de cigarette.
Non je ne suis plus seul et d'un oeil polonais
Il me dit quelques mots, dans un silence slave
Je le trouve beau.
Au wagon restaurant sur vieille gazinière,
On me cuisine un steak qui saigne à la vodka, il est beau l'ancien temps!
Bientôt tout cela sera sous plastique à la morgue
Et ce sera comme ailleurs,
Un croque-monsieur sans vie dans un wagon sans bruit.
Mon ami du couloir me rejoint sans surprise
Et me tend sans rien dire un thé à l'eau-de-vie;
Sans comprendre un seul mot l'un de l'autre nous parlons de nos femmes de nos vies,
Voyageurs nous refaisons nos mondes,
Et des gamins surgissent...
Ils ont l'oeil du futur
Et le coeur des étoiles.
Ici on sourit pas ou seulement quand on boit!
Y'a Batrek, y'a Ianek, y'a Vojtek et y'a moi!
Allez chante gamin que demain sera mieux
Et laisse la vodka faire s'effacer la peine.
Ami toi d'un autre pays
Je te suis amoureux.
Le jour se lève
Sur la campagne morte,
Un vieux cheval fou
Me parle un peu de loin;
Parfois je rêve que je suis Jivago
Et qu'elle m'attend là-bas
Sous le vol des corbeaux.
Varsóvia
Quando cheguei a estação estava deserta.
Varsóvia de manhã é um pouco triste de ver, é verdade;
Capitalismo à parte, eu tiro um pouco de grana pra Kasia,
Um garoto no café acaba de enfiar o nariz em um prato de sopa fria;
Mochila encostada em um cais solitário
Eu mando por telefone algumas fotos malucas, um pouco da minha história
Pros amigos de Paris que me dizem: "Vai, volta, não é pra você aí!"
Sozinho no vagão, meu olhar se joga pela janela,
Eu vejo Varsóvia longe de mim que se vai.
Nós cortamos o horizonte em direção a Zakopane...
A neve ocupa a velha Polônia,
De repente imagino que um dia outros trens passaram por aqui
Velha senhora sem dentes puxa uma velha carroça
Como uma onda celestial, um pássaro sem cabeça voa.
O dia amanhece
Sobre o campo
Um velho cavalo louco
Me encara de longe,
Às vezes sonho que sou Jivago,
E que ela me espera lá
Sob o voo do corvo.
Ainda no corredor, outra silhueta
Vem juntar sua fumaça,
Sua fumaça de cigarro.
Não estou mais sozinho e com um olhar polonês
Ele me diz algumas palavras, em um silêncio eslavo
Eu o acho bonito.
No vagão restaurante, em um velho fogão,
Preparam um bife que sangra com vodka, é bonito o tempo antigo!
Logo tudo isso estará sob plástico na morgue
E será como em qualquer lugar,
Um croque-monsieur sem vida em um vagão sem barulho.
Meu amigo do corredor se junta a mim sem surpresa
E me oferece sem dizer nada um chá com aguardente;
Sem entender uma palavra um do outro, falamos de nossas mulheres, de nossas vidas,
Viajantes, refazemos nossos mundos,
E crianças surgem...
Elas têm o olhar do futuro
E o coração das estrelas.
Aqui a gente não sorri, ou só quando bebe!
Tem Batrek, tem Ianek, tem Vojtek e tem eu!
Vai, canta garoto que amanhã será melhor
E deixa a vodka apagar a dor.
Amigo de outro país
Eu estou apaixonado por você.
O dia amanhece
Sobre o campo morto,
Um velho cavalo louco
Fala um pouco comigo de longe;
Às vezes sonho que sou Jivago
E que ela me espera lá
Sob o voo dos corvos.