Quem tem dinheiro consome
Decide, manda e manobra
Mas quem não tem come a sobra
Que é pra não morrer de fome

Quem tem dinheiro tem nome
Quem não tem não é ninguém

Quem tudo tem, passa bem
Quem nada tem, dá um jeito
Quem tudo tem, tem direito
E quem nada tem, nada tem

Quem tem dinheiro controla
Radar, satélite e antena
Palco, palanque e arena
Onde quem não tem rebola

Quem tem fornece a bitola
Aonde quem não tem se mede

E a mão que tem, quando cede
Tem outra carta no bojo
E quanto dá, é com nojo
Da mão que se estende e pede

Quem tudo tem pisa a terra
Como quem merece o mundo
Quem nada tem, vive imundo
No canto que está, se emperra

Quem nada tem vai pra guerra
E quem tem tudo escapa ileso

Quem tudo tem vive obeso
Nem pra se mexer se anima
E quando cai é por cima
De quem não pode com peso

Quem nada tem nem se espanta
Por já saber muito bem
Da sobra que sempre tem
Na mesa onde quem tem janta

Quem tudo tem se levanta
Onde quem não tem só desce

Quem tudo tem desconhece
Ou vê com óculos escuros
Que logo além de seus muros
Quem não tem nada padece

Quem nada tem, de repente
Pode bem passar a ter
E com o dinheiro fazer
Quase tudo diferente

Pra ser gente igual à gente
Que teve a vida todinha

Porém, em toda festinha
Sempre alguém diz “você tem
O jeito e a cor de quem
Nasceu pra não ter nadinha”

Quem tudo tem se mantém
Quase sempre inacessível
Por sempre ter disponível
Em cada esquina um alguém

Que está contente também
Arrodeando o poder

E até mesmo tem prazer
Toda vez que bota o pé
No pescoço de um mané
Que também sonha em crescer

Composição: Siba Veloso