Vila Isabel veste luto
Pelas esquinas escuto
Violões em funeral
Choram bordões, choram primas
Soluçam todas as rimas
Numa saudade imortal
Entre as nuvens escondida
Como de crepe vestida
A Lua fica a chorar
E o pranto que a Lua chora
Goteja, goteja agora
Nos oitis do Boulevard

Adeus cigarra vadia
Que mesmo em tua agonia
Cantavas para morrer
Tu viverás na saudade
Da tua grande cidade
Que não te há de esquecer
Adeus poeta do povo
Que ressuscitas de novo
Quando na morte descambas
Sinhô, de pele mais clara
No qual o Senhor encarnara
A alma sonora dos sambas

Toda a cidade soluça
Comovida se debruça
Junto o caixão de Noel
Estácio, Matriz, Salgueiro
Todo o Rio de Janeiro
Consola Vila Isabel

Composição: Silvio Caldas / Sebastião Fonseca