Chove no ponto de ônibus
E nesse ponto tudo passa
Passa o moço e o seu cigarro tão murraça
Passa a moça que se engasga com a fumaça
Passa o vidraceiro trazendo a vidraça
Passa o cão vira-lata que em segredo sonha em ser um cão de caça

Chove no ponto de ônibus
E nesse ponto tudo é graça
Passa o moço rindo cheio de pirraça
Passa a moça que caiu na sua trapaça
Passa o piá correndo para a praça
Passa o rei da manguaça quem a vida só deixou ser zé cachaça

Nesse ponto tudo passa
Só não passa o meu ônibus

Quem dera se meu acalanto
Confortasse todo pranto que viesse a existir
Tornasse meus braços em manto
Que cobrisse canto a canto, cada pedaço de ti

Chove no ponto de ônibus
E nesse ponto nada é graça
Passa a vida bem vestida em desgraça
Passa o terno já roído pela traça
Passa a dor do nosso amor ser só carcaça
Passa o coração partido e o peito repartido em abre latas

Nesse ponto tudo passa
Só não passa o meu ônibus

Quem dera se meu acalanto
Confortasse todo pranto que viesse a existir
Tornasse meus braços em manto
Que cobrisse canto a canto, cada pedaço de ti

Quem dera se meu acalanto
Confortasse todo pranto que viesse a existir
Tornasse meus braços em manto
Que cobrisse canto a canto, cada pedaço de ti

Composição: Antonio Leal / João Dezordi / Lucas Patrício / Rafael Figini / Rickson Ribas