Essa avenida não dá nem mesmo pra frente
Mas talvez dê de repente
Pr'uma fratura de céu
Em que os meus sonhos pesados, pensados, passados
Possam chover sem cair
E nem tocar o chão
E que a minha solidão
Não sinta frio
Num toque de asfalto

Os meus passos caminham prum impasse fácil
Pela ilusão de que andar é sair do lugar
Eu corro pela paisagem e não encontro nova
Meu estranhar ponho à prova
Enfim encontro o céu
E todos os seus reflexos
Rebatidos por um véu de vidro

Tenho um calafrio quando com um tráfego vazio
Congestiono de pensar ninguém também
Estou ali e isso me dá um arrepio falso
Quando estar é ser aquém
Não há nada além de um carro
Estacionado
Que espera como eu

Composição: Pedro Braga / Sacha