Existe neste sertão
no alto daquela colina
uma cabocla que habita
uma choupana pequenina
Ficam todos a contemplar
a sertaneja
quando aos domingos
ela garbosa passa airosa
para a igreja

Se alguém lhe revelar
os seus amores, insiste
Ela corando suspira
Baixa o olhar e fica triste
Quem for ao monte pela tardinha
irá escutar
os caborés tristonhos
a glória dos sonhos
sertanejos cantar

Cabocla, estes versos
tão cheios de ti
escrevi à luz do luar
contemplando-te a choupana
ó serrana
Quisera Deus que fôras minha
Seria um rei e tu
de todo este sertão
quase rainha
Ter nos lábios teus
o aroma excelso das caçoulas
Teus seios afagar
como a um casal de pombas-rolas
E ouvir cantar pelas manhãs
solenizando o nosso amor
os sabiás nos coqueirais em flor

Composição: Cândido das Neves Índio