Rancho de barro caído
Num canto à beira da estrada
Algum tempo foi morada
Do velho guasca tropeiro
Foi pouso de carreteiro
E do índio da pá virada

Se vê o sinal do palanque
Do pára-peito e cercado
E um pé de umbú bem criado
Onde se dormia a sesta
Braço curvado na testa
Sonhando com o passado

Deixei gravado na casca
A data marcando a era!
Gravar de novo eu quisera
O que deixei no rincão
E tirar de riba do chão
A cicatriz da tapera

Se vê a estrada da pipa
Sinal do forno, a figueira
E o tronco de uma tronqueira
Que se quebrou numa lida
A casa grande caída
E o quadro onde foi mangueira

Pedaço triste do pago
Quando a noite vem chegando
E o gado vem farejando
Procurando uma pousada
Lambendo a guincha esfiapada
Que o tempo vai derrubando

Quando ali passa o gaudério
De noite com tempo feio
Quase sempre tem receio
Que ali exista um assombro
Atira o poncho no ombro
E levanta o pingo no freio

Composição: João da Cunha Vargas / Vitor Ramil