Ficção Científica

A Distopia de 'Ficção Científica' por Aborto Elétrico

A música 'Ficção Científica' da banda Aborto Elétrico é uma crítica ácida e distópica à sociedade moderna, utilizando referências de ficção científica e figuras históricas para construir uma narrativa caótica e desesperançada. A letra começa mencionando personagens icônicos como Flash Gordon e Barbarella, que são símbolos de heroísmo e aventura, mas aqui são retratados de forma irônica, tentando capturar Albert Einstein, o gênio que criou o elixir da longa vida. Essa mistura de personagens fictícios e reais já sugere um mundo onde a linha entre realidade e fantasia é tênue.

A letra continua com referências a um eclipse que destruiu o sol, e a mitologia grega com Apolo, o deus do sol, sendo reduzido a apenas fogo que queima o chão. Julio Verne, um dos pais da ficção científica, é mencionado como tendo matado Galileu, o pai da astronomia moderna, e Saturno, que na mitologia romana devorou seus próprios filhos, é usado como uma metáfora para a autodestruição. Esses elementos criam uma atmosfera de desespero e fatalismo, onde os sonhos são mortos e tortos, e a morte é uma constante presença.

A música também aborda temas de colonização e destruição ambiental, com menções a revoluções em selvas tropicais e raios laser matando índios. A descoberta do Novo Mundo, que deveria ser um símbolo de esperança e progresso, é retratada como algo que envelheceu e perdeu seu significado. A repetição da frase 'muita fome nas estrelas' sugere uma fome insaciável por recursos e poder, tanto no espaço quanto na Terra, refletindo uma crítica à ganância humana e à exploração desenfreada. A música termina com uma nota de resignação, afirmando que a dança é a mesma e que não é ficção, reforçando a ideia de que esses problemas são reais e persistentes.