Sun & Moon

Ruptura amorosa e catarse em “Sun & Moon” do Above & Beyond

Apesar de soar como hino de pista, “Sun & Moon”, do Above & Beyond, é uma confissão de perda. Não à toa, a Billboard a chamou de “a música de dance mais triste de todos os tempos”. Esse atrito entre euforia sonora e luto virou catarse coletiva nos shows: o público canta em uníssono uma história de amor que acabou, mas não saiu do peito.

A narrativa começa na noite imediatamente após o término: “You gave me your answer, goodbye... now I’m all on my own tonight” (Você me deu sua resposta, adeus... agora estou sozinho esta noite). A chuva, o “black sky” (céu negro) e o frio encenam o mundo desabando. A imagem da “big wheel” (roda da fortuna) que começa a girar fala de risco e acaso — “If you don’t play you’ll never win” (Se você não joga, nunca vai ganhar). Em contraste, a lembrança surge como paraíso perdido: “We were in heaven... our fingers touch the sky” (Estávamos no paraíso... nossos dedos tocam o céu). A frase central “You were the sun and moon to me” (Você era o sol e a lua para mim) condensa a ideia de eixo e orientação total. Já “I’ll never get over you, you’ll never get over me” (Eu nunca vou superar você; você nunca vai me superar) combina previsão de uma ferida mútua com negação e desejo de permanecer inesquecível — um eco possessivo que evidencia dependência.

O clipe dirigido por Ferry Gouw traduz isso em corpo: o dançarino Steve Cato oscila entre lembranças e a pista, tentando anestesiar a dor pela dança — uma extensão visual do espírito de Group Therapy e do que a faixa se tornou para os fãs.