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Funérea Madrugada

Acceptus Noctifer

Letra

    Acolhe-me nos teus famintos delírios
    De meretriz de raça infame...
    Subsorve-me soturna e distante madrugada.
    Bafeja sob mim o cheiro húmido do pranto
    Das crianças estropiadas,
    Por esses carris dilacerantes.

    Acolhe-me nas entranhas da tua eternidade,
    Nos espasmos sussurrantes da peste e da fome,
    Que na tua altivez gesticulam em contradanças
    Ao brilho de um fatal punhal...

    E me vazas os olhos de um ocre vermelho,
    Num decrépito manto exangue.
    Por toda a parte, o fogo errante,
    O ódio que ao estremo horror as coisas leva.

    Penetrante e estrídulo soa o horrendo pânico,
    Nos sepulcrais lajedos, os fantasmas de todas as mentiras.
    A minha dor ai repousa na podridão do lodo,
    Durmo nos abismos das mortas falésias.

    Na enregelada terra,
    Numa hoste estranha, de gritos secos,
    Fermento a minha alma em pântanos imensos,
    Onde apodrecem todos os desejos distantes.

    Recebo a eterna recompensa - o processo invisível da minha ruína,
    O definhar dos meus membros até ao último grão de pó.
    A estranha eternidade, a atroz tortura,
    A minha penitência!

    Embalo-me em gritos sublimes,
    Semelhantes ao de um agudo estertor,
    Enquanto nos meus sonhos de cadáver
    O frio mortal da alma me alimenta... confidentemente...


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