3 O’Clock Things

Humor e crítica social em “3 O’Clock Things” de AJR

“3 O’Clock Things”, da banda AJR, transforma as inquietações e inseguranças que surgem de madrugada em um retrato direto e irônico das ansiedades da vida contemporânea. A música se destaca pelo uso do humor para abordar temas sérios, como pressão social, superficialidade das relações e alienação política, sem perder a leveza. No verso “It’s kinda funny how I paid for college when YouTube was an option” (“É meio engraçado como paguei pela faculdade quando o YouTube era uma opção”), o grupo ironiza o valor do ensino tradicional diante das possibilidades da era digital, ao mesmo tempo em que critica o consumo excessivo de conteúdo online, comparando-o a “narcóticos” pelo seu potencial viciante e manipulador.

A letra também explora inseguranças sociais, como em “I keep debating if someone’s shy or if they hate me” (“Fico pensando se alguém é tímido ou se me odeia”) e “maybe sex is overrated, but we’re too shy to ever say it” (“talvez sexo seja superestimado, mas somos tímidos demais para admitir”), mostrando como a madrugada é um momento de vulnerabilidade e questionamentos sobre autenticidade e pertencimento. A crítica política aparece em “you vote for someone to vote for someone to vote for someone” (“você vota em alguém que vota em alguém que vota em alguém”), expressando a sensação de distanciamento no sistema democrático. O tom autocrítico surge em “I’m Hamilton (without the hits)” (“Sou Hamilton, mas sem os sucessos”), reforçando a ironia da banda. O desfecho, com “if you’re fucking racist then don’t come to my show” (“se você for racista, não venha ao meu show”), é um posicionamento claro contra o racismo, rompendo com a neutralidade sugerida em “Stay out of politics, stay on the fence” (“Fique fora da política, fique em cima do muro”). Assim, a música mistura confissões pessoais, críticas sociais e humor ácido para retratar o caos mental das madrugadas, deixando claro que, apesar das dúvidas, há valores inegociáveis para a banda.