Empresário (part. iamlope$$)

Empoderamento e resistência em "Empresário (part. iamlope$$)"

"Empresário (part. iamlope$$)", de AJULIACOSTA, destaca-se por desafiar os estigmas impostos à juventude preta e periférica, valorizando sua força, dignidade e capacidade empreendedora. O verso “esse neguin de Kenner trampa como um empresário caro” é fundamental para essa mensagem: ao citar o "Kenner", sandália popular nas periferias, a artista contrapõe a imagem tradicional do empresário, mostrando que o valor do trabalho e da ambição não depende da aparência ou da origem social. Essa metáfora reforça o empoderamento e a resistência, temas presentes também na trajetória de AJULIACOSTA, que fundou sua própria marca de roupas para fortalecer a estética preta e periférica.

A letra aborda o racismo estrutural e a violência policial, como em “a carne preta é a mais barata do mercado” e “de terno ou de chinelo eles vão me dar enquadro”, evidenciando que, mesmo com sucesso ou postura diferente, pessoas negras continuam sendo alvo de suspeita e repressão. A música faz referência a casos reais de injustiça, como “Lembra do Saci? Passou até na TV / Saiu como trafiqui, ele vendia CD” e “Lembra do Dinho? Ele não era bandido / A polícia matou dizendo que era envolvido”, conectando a experiência pessoal à vivência coletiva da periferia. Ao afirmar “Eu não quero sua filha, só minha dignidade”, AJULIACOSTA rejeita estigmas e reafirma sua busca por respeito e reconhecimento. Assim, a música se consolida como um manifesto de orgulho, resistência e afirmação de identidade, alinhada à proposta do álbum e à atuação da artista como empresária e voz ativa da periferia.