395px

Canto de Ninguém

Alberto Zitarrosa

Canto de Nadie

Milonga, estabas temblando
en mi corazón;
acurrucadita como un niño
acostumbrado al dolor.

Carne de otras milongas, vos sos,
canto de nadie
y en el mismo aire
te crecen dos alas de consolación.

Llena de hondos silencios
memoria cruel del amor
sos mi flor de cartón,
rosa entregada con cada canción.

Milonga aquí en la guitarra
estrujándola
hay una mano blanca
que viola y arranca tu rosa y se va.

Fue tan fácil robarte esa flor*
que ni la mira
la huele y la tira
sus ansias suspiran por otra mejor.

Muñequita de alambre
tu emocionada canción
no es más que una ilusión
sangre sin hambre dolor sin dolor.

Gajito de enredadera
milonga fiel
ya no hay quien te quiera
no es de primavera tu flor de papel.

Carne de otras milongas, vos sos,
canto de nadie
y en el mismo aire
te crecen dos alas de consolación.

Llena de hondos silencios
memoria cruel del amor
sos mi flor de cartón,
rosa entregada con cada canción.

Canto de Ninguém

Milonga, você estava tremendo
no meu coração;
acolhedinha como uma criança
acostumada à dor.

Carne de outras milongas, você é,
canto de ninguém
e no mesmo ar
têm duas asas de consolação.

Cheia de profundos silêncios
memória cruel do amor
você é minha flor de papel,
rosa entregue com cada canção.

Milonga aqui na guitarra
apertando-a
há uma mão branca
que arranca sua rosa e se vai.

Foi tão fácil roubar essa flor*
que nem olha
cheira e joga fora
seus anseios suspiram por outra melhor.

Bonequinha de arame
tua canção emocionada
não é mais que uma ilusão
sangue sem fome, dor sem dor.

Galho de trepadeira
milonga fiel
já não há quem te queira
não é de primavera sua flor de papel.

Carne de outras milongas, você é,
canto de ninguém
e no mesmo ar
têm duas asas de consolação.

Cheia de profundos silêncios
memória cruel do amor
você é minha flor de papel,
rosa entregue com cada canção.

Composição: