Puta que Paris

A Irreverência e a Crítica Cultural em 'Puta que Paris' de Alexandre Nero e a Maquinaima

A música 'Puta que Paris' de Alexandre Nero e a Maquinaima é uma obra que mistura irreverência e crítica cultural, utilizando um tom sarcástico para abordar a influência da cultura francesa no Brasil. A letra é repleta de referências à culinária, moda e hábitos franceses, como 'vatapá', 'croissant' e 'collant sem sutiã', que são misturados de forma caótica e humorística. Essa mistura de elementos culturais sugere uma crítica à superficialidade com que muitas vezes adotamos aspectos de outras culturas, sem uma verdadeira compreensão ou integração.

A canção também faz uso de trocadilhos e jogos de palavras, como 'Pás de deux, merci beaucoup' e 'Toillete sem bidê', que reforçam o tom cômico e irônico da letra. A expressão 'Puta que Paris' no refrão é uma exclamativa que sintetiza a perplexidade e a crítica do eu lírico diante dessa mistura cultural. A frase 'Tupi que nada! Pourquoi? Pornô. Puta que Paris!!!' é especialmente significativa, pois contrapõe a cultura indígena brasileira ('Tupi') com a cultura francesa ('Pourquoi?'), culminando em uma expressão de choque e descontentamento.

Além disso, a música faz uma referência ao dramaturgo francês Molière, ao mencionar 'metade peixe, metade Molière', o que pode ser interpretado como uma metáfora para a dualidade cultural e a identidade fragmentada. Alexandre Nero, conhecido por seu trabalho como ator e músico, utiliza sua versatilidade artística para criar uma obra que é ao mesmo tempo divertida e reflexiva, convidando o ouvinte a pensar sobre a influência cultural e a identidade nacional.