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A Bodega Do Matuto

Amazan

LetraSignificado

    Em alta voz e bom tom
    a minha mãe já dizia:
    - Se conselho fosse bom
    não se dava, se vendia.
    E eu que sempre lhe segui
    confesso que me iludi
    por arte não sei de quê
    no dia que João Vermêi
    me disse: _Eu tenho um concêi
    pra mode dá a você.

    Você vive feito um burro
    trabalhando no pesado
    todo dia dano duro
    sem nunca ter resultado;
    O concêi qu'eu vou lhe dá
    se você me escutá
    tá garantido o sucesso.
    Venda tudo quanto tem

    junte o último vintém
    bote tudo num comérço.

    Apôis num é qu'eu caí
    na conversa do safado!
    Tudo qu'eu tinha vendi:
    12 cabeça de gado
    meu cavalo corredor
    enxada, cultivador
    a espingarda, o borná
    pato, galinha, guiné só num vendi a muié
    porque ninguém quis comprá.

    Peguei o dinheiro todo
    emburaquei pra cidade;
    No armazém de Haroldo
    comprei troço em quantidade.
    Paguei, num pedi favô
    uns trocado que sobrô
    dei de irmola a uma cega
    voltei todo chêi de asa
    e botei na minha casa
    o diabo duma budega.

    Os primeiro quinze dias
    foram até bem controlado
    fui pegano freguesia
    aqui, ali um fiado;
    Quando um dia João Vermêi
    vei me dá outro concêi
    mode eu comprá um peru
    pra mode fazer um bingo
    dizeno assim: -No domingo
    você triplica o tutu.

    Mais uma vez eu entrei
    na conversa do safado
    a ele mesmo comprei
    um peru gordo, cevado.
    E na manhã do domingo
    começaro o tal do bingo
    sem ninguém saber marcá
    me acreditem vocês
    doze caba duma
    vez batero tudim iguá.

    Frechô mais ó meno uns dez
    mode pegá o peru
    o bicho meteu dos pés
    fazendo gulu-gugu.
    Maria, minha muié
    tava fazeno um café
    de cóca, numa panela
    quando o peru avistô
    fez frechêro e se socô
    debaixo da saia dela.

    Nisso os caba foi chegano
    tudo de cacete armado
    e o peru se socano
    Maria gritô cuidado!
    Era Maria gemeno
    e o cacete comeno;
    No meio do vaivém
    eu peguei um tamborete
    entrei no mei dos cacete
    quase me lasco também.

    Me dero uma tabacada
    Por cima do pé d'ouvido.
    Levei mais outra paulada
    caí no chão estendido;

    Nisso chegô um negão
    com um cacete na mão
    prantô no meu fevereiro
    pegou no meu espinhaço
    só num quebrô meu cabaço
    porque eu pulei ligeiro.

    A minha fia, Zefinha
    na hora da confusão
    tava cuma canarinha
    brincano, lá na oitão;
    Acunharo ela na vara
    a pobre limpano a cara
    correu num choro danado
    chegô com uma gaiola
    e o passarim de fora
    todo desparafusado.

    Depois da briga acabada
    todo mundo ensanguentado
    o peru não valia nada
    tava todo esfarelado;
    E eu de cabeça inchada
    por causa das cacetada
    que os caba dero em mim.
    Hoje se alguém vier dá
    conselho mode eu tomá
    eu vou digo: olhe o dedim!


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