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Fado Varina

Ana Moura

Letra

    De mão na anca,
    Descompõem a freguesa.
    Atrás da banca,
    Chamam-lhe gosma e burguesa.

    Mas nessa voz,
    Como insulto à portuguesa,
    Há o sal de todos nós,
    Há ternura e há beleza.

    Do alto mar
    Chega o pregão que se alastra:
    Têm ondas no andar
    Quando embalam a canastra.

    Minha varina,
    Chinelas por lisboa.
    Em cada esquina
    É o mar que se apregoa.

    Nas escadinhas
    Dás mais cor aos azulejos
    Quando apregoas sardinhas
    Que me sabem como beijos.

    Os teus pregões
    São iguais à claridade:
    Caldeirada de canções
    Que se entorna na cidade.

    Cordões ao peito,
    Numa luta que é honrada.
    A sogra a jeito
    Na cabeça levantada.

    De perna nua,
    Com provocante altivez,
    Descobrindo o mar da rua
    Que esse, sim, é português.

    São as varinas
    Dos poemas do cesário
    A vender a ferramenta
    De que o mar é o operário.

    Minha varina,
    Chinelas por lisboa.
    Em cada esquina
    É o mar que se apregoa.

    Nas escadinhas
    Dás mais cor aos azulejos
    Quando apregoas sardinhas
    Que me sabem como beijos.

    Os teus pregões
    Nunca mais ganham idade:
    Versos frescos de Camões
    Com salada de saudade.


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