Mercúrio (part. Elana Dara)

Ironia e leveza nas decepções amorosas em “Mercúrio (part. Elana Dara)”

“Mercúrio (part. Elana Dara)”, de Ananda, destaca-se por abordar as decepções amorosas com leveza e ironia, transformando situações dolorosas em cenas cotidianas cheias de humor. Um dos exemplos mais marcantes é quando a narradora diz: “Não compensou eu te comprar na planta / Eu mobilhei meu apartamento e outra pessoa vai morar”. Ao comparar o parceiro a um imóvel comprado “na planta”, a artista ironiza o investimento emocional feito em um relacionamento que acabou não dando certo, mostrando que, apesar do esforço, outra pessoa acabou ocupando o espaço preparado com tanto cuidado.

A letra também explora o ciclo repetitivo das tentativas de encontrar o amor, misturando autocrítica e resignação. Em “Será meu dedo ou esse mundo tá podre / Sei que é um jogo e eu só / Ainda não passei de fase”, Ananda brinca com a dúvida sobre onde está o problema, usando a linguagem dos videogames para ilustrar a sensação de não conseguir avançar na vida amorosa. O refrão “Cadê meu amor? Onde é que tá o meu amor?” reforça a busca constante, enquanto versos como “Eu vou descer pra praia e vender minhas miçangas” e “Picotar meu cabelo num ângulo novo” mostram a tentativa de se reinventar e seguir em frente, mesmo que de forma improvisada. No final, a música assume um tom mais reflexivo ao falar de um “karma que insiste” e de uma saudade que não passa “nem com reza, nem com banho”, mas mantém o tom leve, sugerindo que, apesar das frustrações, sempre há espaço para recomeçar. A parceria com Elana Dara reforça essa visão contemporânea e bem-humorada dos altos e baixos dos relacionamentos.