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Letra

    No cinema brasileiro de minha juventude
    as mulheres eram emblemáticas, prototípicas!
    Emblemáticas? Prototípicas?!

    Eliane Lage era asséptica, higiênica
    maravilhosamente burguesa e fleumática
    enquanto Eliana, saia godê
    parecia vir de um seriado de TV!

    Vanja Orico, nativa refinada
    onça amazônica, encarnava o sertão
    numa representação telúrica/regional
    como um ícone, um mito
    i.e., emblemática e prototípica!

    Norma Benguel sempre personificava
    nossos instintos, nossos desvios
    excessos, as vontades mais recônditas
    - por que não confessar? - nossos pecados
    pois havia ainda pecado abaixo do Equador.

    Havia Tônia Carrero, tão linda, tão perfeita!
    Podia passar por uma atriz de Hollywood
    não fosse a língua de seus filmes!
    Tão superior, tão loura! Tão emblemática
    de nossas projeções/superações raciais
    meridionais.

    Mas eu gostava mesmo
    mais intensamente
    devo confessar: apaixonadamente
    era da Odette Lara
    - uma Anita Ekberg nos trópicos -
    mesmo vestida
    ela estava sempre nua!

    A nudez de Norma Benguel
    era pontual, momentânea
    ou seja, prototípica...

    A nudez de Odette Lara era integral
    permanente, dos pés à cabeça
    estava no mar libidinoso
    de seus olhos! Na sensualidade
    de seus ombros mesmo quando
    vestidos!

    E não havia mais ninguém!

    Em preto-e-branco
    elas luziam todas as cores
    de um arco-íris secreto.


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