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Romance da Filha do Imperador do Brasil

Antonio Nóbrega

Letra

    O imperador dom pedro
    Tem uma filha bastarda,
    A quem quer tanto do bem
    Que ela ficou malcriada!
    Queriam casar com ela
    Barões de capa e de espada.
    Ela, porém, orgulhosa,
    A todos que recusava:
    - este, é menino! esse é velho!
    Aquele, lá, não tem barba!
    O de cá, não tem bom pulso
    Pra manejar uma espada!

    Dom pedro falou, se rindo:
    - inda serás castigada!
    Não vás tu, de algum vaqueiro,
    Terminar apaixonada!

    Na fazenda de seu pai,
    Já no fim da madrugada,
    Um dia, numa janela,
    A infanta se debruçava.
    Viu passar três moradores
    Que trabalhavam de enxada.
    O mais garboso dos três
    Era o que mais trabalhava.
    Tanto plantava algodão,
    Como do gado cuidava.
    Vestia gibão de couro,
    Fortes sapatos calçava.
    N'aba do chapéu de couro,
    Fina prata se estrelava.
    Pois logo, desse vaqueiro,
    A infanta se apaixonava.
    E o vaqueiro, só cavando:
    Ele sabe o que cavava!

    A princesa chama a velha
    Em que mais se confiava:
    - estás vendo aquele vaqueiro,
    Trabalhando, ali, de enxada?
    Condes, duques, cavaleiros,
    Por nenhum eu o trocava!
    Vai chamá-lo aqui, depressa,
    E ninguém saiba de nada!
    A velha vai ao vaqueiro
    Que na terra trabalhava:
    - vem comigo, meu vaqueiro!
    Por que essa vista baixa?
    Levanta os olhos, que vês
    A estrela da madrugada!

    Entraram pelo portão,
    Que a porta estava fechada.
    Na camarinha da moça
    O vaqueiro já chegava:

    - senhora, o que é que me manda?
    Eu vim por vossa chamada!
    - quero saber se te atreves
    A queimar minha coivara!
    - atrever, me atrevo a tudo,
    Que um homem não se acovarda!
    Dizei-me, porém, senhora,
    Onde está vossa coivara!
    - é abaixo dos dois montes,
    Na fonte das minhas águas,
    Abaixo do tabuleiro
    E na furna da pintada,
    Na linha da perseguida,
    No corte da desejada!

    Passam o dia folgando,
    O mais da noite passavam,
    E o vaqueiro socavando:
    Ele sabe o que cavava!

    À meia-noite, a princesa
    Pediu tréguas, por cansada:
    - basta! basta, meu vaqueiro!
    Queimaste mesmo a coivara!
    Não sei se por varas morro
    Ou com ela incendiada!
    E, assim, a filha do rei
    Do orgulho foi castigada!

    Composição: Antônio Nóbrega / Ariano Suassuna / Dominio Publico. Essa informação está errada? Nos avise.

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