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Romance da Nau Catarineta

Antonio Nóbrega

LetraSignificado

    Ouçam, meus senhores todos,
    Uma história de espantar!
    Lá vem a nau catarineta
    Que tem muito que contar.
    Há mais de um ano e um dia
    Que vagavam pelo mar:
    Já não tinham o que comer,
    Já não tinham o que manjar!
    Deitam sortes à ventura
    Quem se havia de matar:
    Logo foi cair a sorte
    No capitão-general!
    - tenham mão, meus marinheiros!
    Prefiro ao mar me jogar!
    Antes quero que me comam
    Ferozes peixes do mar
    Do que ver gente comendo
    Carne do meu natural!
    Esperemos um momento,
    Talvez possamos chegar.
    Assobe, assobe, gajeiro,
    Naquele mastro real!
    Vê se vês terras de espanha,
    E areias de portugal!
    - não vejo terras de espanha
    E areias de portugal!
    Vejo sete espadas nuas
    Que vêm para vos matar!
    - vai mais acima, gajeiro,
    Sobe no tope real!
    Vê se vês terras de espanha,
    Areias de portugal!
    - alvíssaras, capitão,
    Meu capitão-general!
    Já vejo terras de espanha,
    Areias de portugal!
    Enxergo, mais, três donzelas,
    Debaixo de um laranjal!
    Uma, sentada a coser,
    Outra na roca, a fiar,
    A mais mocinha de todas
    Está no meio, a chorar!
    - todas três são minhas filhas:
    Ah quem me dera as beijar!
    A mais mocinha de todas
    Contigo a hei de casar!
    - eu não quero a vossa filha,
    Que vos custou a criar!
    - dou-te o meu cavalo branco
    Que nunca teve outro igual!
    - não quero o vosso cavalo,
    Meu capitão-general!
    - dou-te a nau catarineta
    Tão boa em seu navegar!
    - não quero a catarineta,
    Que naus não sei manobrar!
    - que queres então, gajeiro?
    Que alvíssaras hei de dar?
    - capitão, eu sou o diabo
    E aqui vim pra vos tentar!
    O que eu quero, é vossa alma
    Para comigo a levar!
    Só assim chegais a porto,
    Só assim vos vou salvar!
    - renego de ti, demônio,
    Que estavas a me tentar!
    A minha alma, eu dou a deus,
    E o meu corpo eu dou ao mar!

    E logo salta nas águas
    O capitão-general!
    Um anjo o tomou nos braços,
    Não o deixou se afogar!
    Dá um estouro o demônio,
    Acalmam-se o vento e o mar,
    E à noite a catarineta
    Chegava ao porto do mar!

    Composição: Por Ariano Suassuna / Recriação Literária De Romance Tradicional. Essa informação está errada? Nos avise.

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