Toma O Comprimido

Crítica à medicalização em "Toma O Comprimido" de António Variações

Em "Toma O Comprimido", António Variações usa ironia e humor para criticar a tendência de buscar soluções rápidas para qualquer problema por meio de medicamentos. A música transforma o ato de tomar remédio em uma resposta universal, abordando desde dores físicas até questões emocionais. O refrão repetitivo, "Toma um comprimido que isso passa", destaca o absurdo de acreditar que uma pílula pode resolver tudo, enquanto versos como "Eu sei que é nocivo / A isto e àquilo / Esquece isso pelo bem que faça" mostram o conflito entre o alívio imediato e os riscos ignorados.

A performance original de Variações, vestido de aspirina e jogando "smarties" para o público, reforça o tom satírico da canção e evidencia a crítica à medicalização excessiva e à passividade diante de soluções fáceis. Ele ironiza tanto a indústria farmacêutica quanto o comportamento das pessoas, como nos versos "Tome e fique confiante / Vai ficar muito elegante / Isto é melhor que um purgante / Você vai emagrecer". A música ainda brinca com a ideia de que, se um remédio não funcionar, basta tomar outro, como em "Cuidado, não abusar / Mas se isso acontecer / Tome outro pra engordar". Ao final, ao sugerir que até problemas existenciais podem ser resolvidos com "a mistura da drogaria", Variações expõe o vazio dessa lógica, usando sarcasmo para provocar reflexão sem perder o tom leve.