Machote

Desejo e identidade queer em "Machote" de Arca

Em "Machote", Arca subverte as normas de gênero ao reinterpretar um hit latino tradicionalmente masculino, assumindo para si o desejo por um "machote" que saiba amá-la e tocá-la. Ao cantar "Quiero un machote, quiero uno ya / Quiero un varón que me sepa tocar" (Quero um machão, quero um agora / Quero um homem que saiba me tocar), a artista desafia expectativas sociais e celebra a liberdade de expressar abertamente seus desejos e expectativas afetivas e sexuais. Essa postura está diretamente ligada à trajetória de afirmação identitária de Arca, que utiliza a música como espaço de empoderamento e expressão pessoal.

A letra também revela a busca por um parceiro que una força e sensibilidade, como em "Quiero un tipo que me sepa amar / Y por supuesto que se sepa menear" (Quero um cara que saiba me amar / E, claro, que saiba rebolar) e "Que tenga buenos sentimientos / Que sea bien divino" (Que tenha bons sentimentos / Que seja bem divino). Arca rejeita estereótipos superficiais de masculinidade, valorizando tanto o prazer quanto a vulnerabilidade. O verso "Quiero todos tus lamentos" (Quero todos os seus lamentos) destaca a importância da intimidade emocional, indo além do aspecto físico. Ao transformar uma canção de sua infância em um manifesto de desejo e celebração queer, Arca cria uma atmosfera de alegria, transgressão e empoderamento, conectando sua história pessoal ao público que a acompanha.