Otra Prisión
Hoy desperté en una prisión muy extraña,
no oigo gritos, no siento olores, estoy inmóvil
y casi no puedo ni ver.
No hubo juicio, no recuerdo cuándo llegué.
Ahora estoy sentado pensando mi pasado,
y no se siente mi piel.
Un castigo eterno y crudo.
En esta oscuridad incierta.
No quiero admitir mi muerte.
Parece que soy sólo conciencia
de la que no puedo escaparme.
Ya morí ¿y qué? me quedó mucho por hacer.
Ya no necesito saber que sobreviviré.
Muerte mía, muerte dura.
Ya no rayo la locura.
Me ahogo ya sin dudas.
El lugar común sería afirmar que todo esto es un sueño,
pero siento que ya nada parece reconocible.
Outra Prisão
Hoje acordei em uma prisão bem estranha,
não ouço gritos, não sinto cheiros, estou imóvel
quase não consigo nem ver.
Não houve julgamento, não lembro quando cheguei.
Agora estou sentado pensando no meu passado,
e não sinto minha pele.
Um castigo eterno e cruel.
Nesta escuridão incerta.
Não quero admitir minha morte.
Parece que sou só consciência
da qual não consigo escapar.
Já morri, e daí? Tinha muito pra fazer.
Não preciso mais saber que vou sobreviver.
Minha morte, morte dura.
Já não toco a loucura.
Estou me afogando, sem dúvidas.
O lugar comum seria afirmar que tudo isso é um sonho,
mas sinto que nada parece reconhecível.
Composição: Ale Siniestro / Gustavo Pankozo