Lacrime A Biro
Vedo il suo corpo steso nudo e bianco:
un torsolo di mela.
Io stretto in un vestito scuro:
un James Bond mancato
in piedi accanto a lei
in piedi accanto a lei.
Ho una penna a biro nera nella mano
le parlo piano e dico
« se scrivo lettere a qualcuno,
è solo per delicatezza
ma non ricevo mai risposta:
fanno male e basta
ma non ricevo mai risposta:
fanno male e basta ».
Mi chino sulla sua persona,
sul suo corpo a ciminiera,
la biro nera nella mano
su di lei io scrivo la mia storia
mentre lei ride piano..
mentre io rido piano..
mentre lei ride piano:
ed il suo corpo con noi.
Tutte le mie lettere
solletico su di lei
sono le mie lacrime
d'inchiostro nero, lacrime a biro.
Nere ragnatele di inchiostro sulla pelle
neri scarabocchi cuoricini e stelle
così io scrivo sul grembo
sulle sue scapole di angelo
attorno alle caviglie
attorno ai polsi magri
e sul suo ombelico
e sui suoi seni e sui suoi fianchi
Tutte le mie lettere
solletico su di lei
sono come lacrime
d'inchiostro nero, lacrime a biro.
Lágrimas de Caneta
Vejo seu corpo estendido nu e branco:
um caroço de maçã.
Eu apertado em um terno escuro:
um James Bond fracassado
em pé ao lado dela
em pé ao lado dela.
Tenho uma caneta preta na mão
falo baixo e digo
"se eu escrevo cartas para alguém,
é só por delicadeza
mas nunca recebo resposta:
dói e só
mas nunca recebo resposta:
dói e só".
Me inclino sobre sua pessoa,
sobre seu corpo de chaminé,
a caneta preta na mão
sobre ela eu escrevo minha história
enquanto ela ri baixo...
enquanto eu rio baixo...
enquanto ela ri baixo:
e seu corpo com a gente.
Todas as minhas cartas
que eu solto sobre ela
são minhas lágrimas
de tinta preta, lágrimas de caneta.
Teias de tinta preta na pele
rabiscos pretos, corações e estrelas
assim eu escrevo sobre seu colo
sobre suas escápulas de anjo
em volta dos tornozelos
em volta dos pulsos magros
e sobre seu umbigo
e nos seus seios e nos seus quadris.
Todas as minhas cartas
que eu solto sobre ela
são como lágrimas
de tinta preta, lágrimas de caneta.