Tu es venu
En ce temps-là j'errais de clocher en clocher,
J'enviais les pigeons qui savaient où nicher,
Auprès du Vert Galant, je m'endormais dans l'herbe,
Mes vingt ans dans Paris cherchaient je ne sais quoi,
Et quand la nuit venait me prendre dans ses bras,
J'avais peur de mon ombre et la bravais, superbe.
Et puis, tu es venu
Vois, le monde est en gerbe
J'avais pour tout bagage une paire de bas,
Une robe trop longue et le panier du chat,
Serré contre mon coeur comme une rose tendre.
Je claquais à tous vents mes vingt ans au beffroi,
J'étais sarment dans l'âtre et la flamme à la fois
Mes lèvres en gardaient toujours un goût de cendre.
Et puis, tu es venu
Vois comme mes mains tremblent
Je prenais les amants comme on prend le métro,
Lorsqu'on est lassé d'avoir attendu trop
Un taxi dans la rue et, qu'il vente ou qu'il neige,
J'attendais de les voir s'endormir contre moi,
Puis je déménageais à la cloche de bois
Les chiens de l'aube errants me suivaient en cortège.
Et puis, tu es venu
Vois, il fait beau, il neige
Je ne sais pas moi-même au juste qui j'étais,
Etais-je folle ou sage ou les deux ? Je ne sais
Tant je cognais partout mes ailes malhabiles
Mais je sais aujourd'hui, mais je sais qu'avec toi,
Je suis restée semblable à celle d'autrefois
Qui ne rêvait que d'être à quelque chose utile.
Puisque tu es venu
Vois, tout devient possible.
Você Chegou
Naquela época eu vagava de campanário em campanário,
Invejava os pombos que sabiam onde aninhar,
Ao lado do Verde Galante, eu adormecia na grama,
Meus vinte anos em Paris buscavam sei lá o quê,
E quando a noite vinha me abraçar com seu véu,
Eu tinha medo da minha sombra e a desafiava, altiva.
E então, você chegou
Olha, o mundo está em festa
Eu tinha como bagagem um par de meias,
Um vestido muito longo e a cesta do gato,
Apertada contra meu coração como uma rosa delicada.
Eu me expunha a todos os ventos meus vinte anos no sino,
Era um galho na lareira e a chama ao mesmo tempo
Meus lábios sempre guardavam um gosto de cinzas.
E então, você chegou
Veja como minhas mãos tremem
Eu pegava os amantes como se pega o metrô,
Quando se está cansada de esperar demais
Um táxi na rua e, faça sol ou neve,
Eu esperava vê-los adormecer contra mim,
Então eu mudava de lugar ao toque do sino de madeira
Os cães da aurora errantes me seguiam em procissão.
E então, você chegou
Olha, está bonito, está nevando
Eu não sei nem eu mesma ao certo quem eu era,
Eu era louca ou sábia ou as duas? Não sei
Tanto que eu batia por aí minhas asas desajeitadas
Mas eu sei hoje, mas eu sei que com você,
Eu permaneci igual àquela de antes
Que só sonhava em ser útil a algo.
Já que você chegou
Veja, tudo se torna possível.